Maio de 2000 - Revista Quatro Rodas - Número 478
- Wilson
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Maio de 2000 - Revista Quatro Rodas - Número 478
RESISTÊNCIA À PROVA
O novo compacto, que será produzido no Brasil em um ano, vem enfrentando testes de arrepiar.
Antes de receber o sim para entrar na linha de produção, o novo Corsa passa por uma maratona de testes. O colaborador de QUATRO RODAS em Portugal,
Júlio Santos, participou de uma das etapas na preparação do carro, em pleno deserto sul-africano, onde o compacto enfrentou temperaturas de 40 graus
centígrados e estradas que mais pareciam picadas. Cinco protótipos, parcialmente camuflados, faziam parte desse teste programado pela Opel.
Subsidiaria da General Motors na Europa. Durante toda a “expedição”, os jornalistas foram acompanhados de perto pelos encarregados do desenvolvimento
do carro, além dos pilotos que habitualmente fazem os testes. O roteiro visa submeter o modelo a diversas provas de resistência, permitindo assim
avaliar os componentes mais importantes do carro antes do lançamento. Foram três dias de condições extremas, cerca de 500 quilômetros diários, por
esburacadas estradas de terra.
As provas na África do Sul aconteceram ao mesmo tempo que outra equipe da Opel enfrentava os rigores das geleiras do Ártico. Neste caso, o objetivo
era oposto: estudar o comportamento do modelo em temperaturas abaixo de 20 graus negativos.
Dos testes para o ferro velho
Os protótipos pertencem à chamada geração Gama – termo que denomina a derradeira fase de desenvolvimento, antes da passagem à produção. Todos são
integralmente destruídos a mão dentro da Opel. Por isso, cada um desses brinquedos custa R$ 500.000. Ou seja, o preço de um Porche 911 Carrera GT3 no
Brasil.
“O valor depende da fase de desenvolvimento em que o protótipo se encontra”, explica Karl Juelling, diretor executivo do projeto do novo Corsa.
Juelling cinta ainda que os primeiros, da fase Alfa, embora menos elevados, são inicio a toda a pesquisa e envolve dezenas de pessoas. “Destruir um
deles significa a perda do trabalho de anos, com atrasos irreparáveis na produção e prejuízo fáceis de imaginar.”
Apesar de custarem uma fortuna, os protótipos vão direto para o ferro-velho ai final da avaliação. “A estrutura sofre tanto que nem mesmo para
crash-test eles servem”, conta Volmar Cott, do departamento de segurança passiva da Opel. “As junções, principalmente, ficam bastante danificadas. Até
a fase acompanhada por QUATRO RODAS, pelo menos uma centena de Corsas já tinha sido destruída, trinta deles em crash-tests.
Uma das regras fundamentais nesses ensaios de estrada reza que nenhuma peca pode ser substituída antes dos 100.000 quilômetros, “Normalmente, nem
mesmo os amortecedores são trocados”, conta Ekkejard Siegel”, do departamento de desenvolvimento e testes de chassis. Quando isso acontece, ou se
determinado componente cede, ele de imediato é catalogado e enviado à Alemanha, para que se apure por que ocorreu a falha e com que freqüência ela
pode vir a se repetir. “Esse cadastro é fundamental para aprovar o uso ou não de pecas nos carros de serie. Ou para substituí-las”
Mais de 100.000 quilômetros por estradas como as percorridas na África do Sul significam um objetivo ambicioso. Os protótipos tinham, em media, 9.000
quilômetros.
Os testes de estrada são o fecho de um ciclo iniciado quatro ou cinco anos antes, quando foram definidas as planilhas com os objetivos do modelos e
aspectos como custo de produção (que mais tarde irão ditar o preço do carro). “Antes mesmo do desenho, são dados diversos passos vitais, como o
envolvimento dos fornecedores: são eles, afinal, que vão produzir o conjunto de componentes”, explica Klaus Nuechter, responsável pela divisão de
“carros pequenos” da Opel.
Na estrada, cinco anos depois de tudo começar.
Ao iniciar a remodelação, a preocupação dos designers era dar um ar modernos ao Corsa, conservando porém, os traços mais marcantes do carro. Visto de
frente, nota-se no novo modelo, principalmente, a inclinação acentuada do pára-brisa e os faróis com os piscas incorporados. Na lateral, o carro
permanece o mesmo, diferentemente do que aconteceu na traseira, na qual a montagem das lanternas nas colunas distancia o novo do atual Corsa. “Para
aumentar o espaço interior, o compacto espichou 6 cm”, explica o chefe dos designers da Opel, Hideo Kodama. “Trouxemos ainda as colunas dianteiras
mais para a frente e aumentamos a inclinação e o tamanho do pára-brisa.” Com isso, além de oferecer mais espaço, principalmente para os passageiros do
banco de trás, o habitáculo recebe agora maior intensidade de luz
As versões de três e cinco portas terão a mesma aparência, ao contrario do que acontece com o Corsa atual. “O ponto mais difícil foi acertar a posição
das colunas centrais e configurar as portas”, recorda Kodama.
O Corsa evoluiu muito por dentro. Todas as versões contarão com direção assistida eletricamente (mais suave que a hidráulica), vidros elétricos, trava
central e radio que, em alguns casos, poderá acoplar-se ao telefone. Assim como airbags frontais e laterais. A parte mecânica do compacto também foi
revista. Além de nova plataforma, ele ganhou novas suspensões e motores, que vão do 1.0, de três cilindros, com 58 cavalos, ao 1.8 com 125 cavalos. O
Corsa remodelado deve chegar ao Brasil daqui a um ano. Em novembro estréia na Europa.
Contribuição: Corsomovel
Os protótipos rodam, em média, 500 km por dia, num percurso de fazer inveja ao dos piores ralis
Os testes de estrada, como os realizados na África do Sul, são fundamentais na avaliação dos componentes e representam a última etapa antes de o carro entrar em produção
Feito à mão, cada protótipo custa o valor de um Porsche GT3, cerca de R$ 500.000
Apesar das inovações, o novo compacto da GM mantém as características do atual Corsa
Sem disfarces, eis o novo Corsa, que estréia ainda neste ano na Europa
O pisca-pisca foi integrado ao farol, que está maior e ganhou novo formato
As lanternas agora estão embutidas nas colunas traseiras
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