Lendo o uol encontrei essa matéria e resolvi compartilhar com vocês.
Abraços
Pagando pelo premium: A Federal Trade Comission, que defende os direitos dos consumidores americanos, quer que os motoristas parem de gastar centenas de milhões de dólares em uma gasolina premium que seus carros não precisam
A gasolina premium deve ter esse nome por alguma razão. Afinal, uma das definições desse adjetivo é “um alto valor ou um valor em excesso daquilo que é normalmente esperado”, de acordo com o Merriam-Webster\\'s Collegiate Dictionary. Portanto, a gasolina aditivada deve ser melhor, ou então por que seria chamada assim? A resposta para essa questão está na dinâmica de um típico motor de combustão interna, no processo de refinação da gasolina a partir do petróleo, e em outra definição de “premium” – dessa vez na forma de substantivo: “uma soma superior ao preço normal paga principalmente por persuasão ou incentivo”.
Antes de qualquer coisa, é preciso dizer que a gasolina premium realmente é um combustível melhor em termos da energia que fornece no motor adequado. Todo tipo de gasolina é uma mistura inebriante de várias moléculas de hidrocarboneto diferentes, do heptano ao decano ( com 7 e 10 átomos de carbono respectivamente) e muitos outros. O hidrocarboneto claramente identificado na bomba é o octano (oito átomos de carbono e 18 hidrogênios). No entanto, esse número não é uma medida de como essa gasolina se compara com uma mistura pura de octano e heptano. Em laboratórios especiais no mundo inteiro, os químicos misturam esses combustíveis de referência e então os utilizam em comparação à gasolina refinada segundo as medidas padronizadas. “A Sociedade Americana de Testes e Materiais tem um dossiê robusto sobre como determinar o nível de octano com um motor especial de um cilindro”, explica Joseph Shepherd, do California Institute of Technology. “Quanto maior o número, mais dificilmente o motor ‘bate pino.’”
O “grilar” ou “batida” – uma explosão desregulada em uma câmara criada para combustão altamente regulada – é a morte para um motor de combustão interna. Durante o ciclo de quatro cilindros de um motor de carro típico, o pistão desce dentro do cilindro, permitindo que ele se encha de uma mistura de gasolina e ar. Então, sobe de novo, comprimindo a mistura de combustível e, ao chegar ao topo, a vela acende o vapor explosivo, mandando o pistão para baixo de novo. Ao voltar para a parte mais alta do cilindro, o pistão expele o que sobrou do combustível utilizado através de válvulas de exaustão e todo o processo começa novamente. O “grilar” acontece quando a compressão da mistura de combustível e ar, e não a vela, provoca uma explosão. Isso resulta em um barulho bem alto e muita vibração no próprio motor, “É muito ruim para o motor, mecanicamente”, ressalta Shepherd, “Classificamos a gasolina de acordo com as “batidas” que ela provoca em comparação à mistura referencial”, explica William Green, do Massachusetts Institute of Technology, “Aquelas que não provocam tantas ‘batidas’ são premium”. Ou seja, elas se comportam no motor como se tivessem uma grande proporção de octano, mesmo se não têm.
No entanto, a maioria dos carros modernos é criada para empregar uma razão de compressão específica, uma medida de quanto espaço está disponível para o combustível quando o pistão está no fundo e na parte mais alta do cilindro. Essa razão de compressão – cerca de oito para um – tolera combustíveis com menos octano (como a gasolina comum, o bom e velho octano 87), sem causar “batida”. “A razão de compressão é determinada pelo criador do motor”, diz Green, “O combustível normal queimará de maneira adequada e o premium também, e assim não há razão alguma para gastar o dinheiro extra”. Motores de alta performance, como os de carros esportivos ou de automóveis mais antigos e pesados, muitas vezes ostentam razões de compressão muito mais altas. Esses carros – como, por exemplo, o Subaru WRX de Shepherd –, precisam de gasolina premium e com certeza sofrerão uma “batida” sem ela. “Tenho que abastecer com octano 92, já que ele tem turbo”.